quinta-feira, 6 de maio de 2010

Educação, mais do que prioridade


Guilherme Mussi*

De segunda a sexta-feira, eles se encontram no mesmo local e horário para dividir boa parte do dia, durante vários anos. O mais velho orienta, conduz, ensina, estimula. O mais novo ouve, olha, pergunta, assimila, aprende. É uma fase de descoberta, de formação do cidadão. Mas infelizmente não basta o professor querer ensinar e o aluno, aprender. É preciso investir dinheiro, atenção e planejamento para que a educação pública no Brasil saia do vermelho.

E põe vermelho nisso! Em janeiro de 2010, a Unesco divulgou o índice de desenvolvimento da educação de 128 países. Nosso País aparece na 88ª posição, e os testes de avaliação aplicados apontam que o ensino brasileiro está longe de garantir a aprendizagem de todos os estudantes. A missão para tal façanha não é fácil, pois exige ações integradas — da formação de professores à infraestrutura, da questão salarial à gestão escolar.

O problema não é tanto dinheiro, já que educação tem garantida pela Constituição parte da receita líquida da União (18%) e dos estados e municípios (25%). O que se vê é que não adianta, por exemplo, instalar computadores em sala de aula se o professor não for capacitado para adequar esse novo instrumento ao dia a dia, usando-o como aliado no aprendizado. Ou na alfabetização. Sim, o grande problema está — acredite se quiser! — lá no começo da vida escolar: o analfabetismo, que atualmente afeta 15 milhões de brasileiros.

A situação é ainda mais assustadora ao saber que 680 mil crianças estão fora da escola e isso acontece até mesmo no Estado de São Paulo, o mais rico do País. Há também índices preocupantes de repetição e evasão de alunos, que não se sentem estimulados em continuar a assistir às aulas, muitas vezes por não ter como ir para à escola. Por outro lado, há a falta interesse do professor em seguir carreira. Afinal, somente em 2009, o professor nível I da Rede Estadual passou a receber pouco mais de mil reais para uma 40 horas semanais. Com a jornada dupla, o tempo fica escasso para se dedicar ao planejamento das aulas, aos próprios estudos e à atualização.

É preciso dar suporte tanto para quem tem a missão de ensinar como para quem precisa aprender. Além de instalações modernas e seguras, equipamentos tecnológicos, acompanhamento médico, reforço alimentar e material didático de primeira. No entanto, mais que isso, é importante criar a consciência de que qualidade no ensino exige mudança de pensamento político. Ter educação como prioridade significa ampliar o investimento de forma contínua, como mostram exemplos, como o do Japão. Isso exige estratégia e paciência, mas se reverte em resultados efetivos para formar uma nação mais justa e próspera.

*Guilherme Mussi, fundador do Instituto Paulista de Renovação (INPAR) é administrador de em

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