quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Vereadora de Ponta Grossa que forjou o próprio sequestro está presa.
A vereadora ponta-grossense Ana Maria de Holleben (PT) reapareceu ontem, no início da noite, depois de passar mais de 24 horas desaparecida. Ela deu entrada voluntariamente, levada pelo filho, na Santa Casa de Misericórdia por volta de 18 horas, com sinais de desidratação, confusão mental e pressão arterial alterada. Mesmo diante desse quadro, indiretamente, Ana Maria recebeu voz de prisão. Segundo o delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura, chefe do Tigre (grupo da Polícia Civil especializado em sequestro), a vereadora foi autuada em flagrante por falsa comunicação de crime, fraude processual e formação de quadrilha. Ainda nesta quarta-feira, a petista foi transferida para o Hospital Regional, sob escolta de policiais. Assim que receber alta, será encaminhada para a 13ª Subdivisão Policial (SDP).
De acordo com o delegado, que foi designado pela Secretaria de Estado da Segurança para comandar as investigações do caso, Ana Maria forjou o próprio sequestro para se esquivar da votação para eleger a Mesa Diretora da Câmara Municipal, que estava marcada para as 17 horas do dia 1º. No entanto, para ele, a impressão que se tem é que a vereadora esperava que a ação seria rápida para ela reaparecer logo após a decisão dos vereadores. Porém, Ana Maria não contava com a falta de quórum para a eleição, fato que aconteceu no dia 1º e na manhã de ontem. “A situação fugiu ao controle dela”, disse.
“A polícia foi comunicada do sequestro através do filho da vítima, que disse ter recebido um telefonema da mãe dizendo que fora sequestrada, mas estava bem”, explicou. A partir de então, policiais da 13ª SDP, do Tigre de Curitiba e da Polícia Militar se mobilizaram para desvendar o caso.
Como anconteceu
Ana Maria teria sido rendida logo após tomar posse para seu terceiro mandato, em cerimônia no Teatro Ópera. De lá, ela seguiria para o Núcleo Santa Paula para deixar a mãe em casa, mas, no trajeto, o carro em que elas estavam teria sido abordado. O motorista do veículo, Idalécio Gouveia, chegou a prestar declarações à imprensa, contando como aconteceu a suposta abordagem dos bandidos. Na manhã de ontem, ele acabou preso. À tarde, o Audi onde estava a vereadora no momento em que teria sido sequestrada foi apreendido pela polícia e periciado.
De acordo com Cartaxo, Idalécio furou o pneu do carro e manipulou dispositivo para que a injeção eletrônica não funcionasse. “Eles iludiram a mãe de Ana Maria, dona Branca, para que ela acreditasse que se tratava de sequestro”, disse. No entanto, segundo o delegado, a vereadora apenas foi retirada de um carro e levada para outro. Quem teria participado dessa remoção foi Reginaldo da Silva Nascimento, que está foragido.
O irmão de Idalécio, Adalto Valverde da Silva, também teve participação no caso, segundo o delegado. De acordo com Cartaxo, pertence a ele o celular utilizado pela parlamentar para telefonar ao filho.
Ainda na madrugada, a Justiça emitiu as ordens de prisão temporária contra Reginaldo, Idalécia, Adalto e a esposa de um dos irmãos, Suzicléia da Silva. Eles são acusados dos mesmos crimes de Ana Maria e os três últimos já estão detidos. “Vamos avaliar se há necessidade de manter Suziléia presa, pois ela apenas tinha conhecimento do falso sequestro e não teve participação direta. Quanto aos demais, pretendemos deixá-los presos até o julgamento”, afirmou o delegado.
Cartaxo não descarta o envolvimento de outros agentes públicos no sequestro simulado. Segundo ele, cabia ao Tigre e ao coronel Péricles, do Estado Maior da Polícia Militar, desvendar o caso, o que já aconteceu. Agora, as investigações terão continuidade por parte da 13ª SDP, que desde ontem está sob nova chefia.
A parlamentar ainda não foi ouvida pela polícia e ninguém soube dizer qual era o paradeiro dela durante o suposto desaparecimento.
A reportagem tentou contato com o Luiz Setembrino Von Holleben, advogado e parente da Ana Maria. Ele disse que retornaria a ligação, mas não o fez.
Câmara estuda empossar suplente
O vereador George Luiz de Oliveira (PTN) – que foi o mais votado nas eleições e, por isso, vai presidir a sessão em que será empossada a Mesa Executiva – disse que na manhã de hoje vai promover uma reunião, às pressas, com o Departamento Jurídico para definir os rumos da Câmara. Ele disse que foi pego de surpresa com a notícia da prisão da vereadora Ana Maria de Holleben e que está “chocado”. “Se o jurídico recomendar que eu posso empossar o suplente da vereadora, vou fazê-lo”, contou. O suplente de Ana Maria é Nilson Ribeiro, também do PT. George disse que prefere acreditar na inocência da colega.
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