DEPUTADOS DE PONTA GROSSA DESTILAM ODIO AO INVEZ DE LUTAR POR SENGÉS

Os defensores da união entre os representantes de Ponta Grossa e da Região dos Campos Gerais, na busca de conquistas e na defesa dos interesses da população, devem ter se decepcionado com o início do período ordinário de sessões da Assembléia Legislativa em 2010, na quarta-feira foi a primeira sessão de trabalho, uma vez que, na véspera, a reunião foi solene, com a presença do governador Roberto Requião.
Uma moção de apelo, de autoria do deputado Marcelo Rangel de Oliveira provocou forte reação do também representante de Ponta Grossa, Jocelito Canto. A moção, aprovada, tendo apenas o voto contrário solitário de Jocelito, é dirigida ao governo federal e à Caixa Econômica Federal, solicitando a liberação do fundo de Garantia por Tempo de Serviço para as famílias atingidas mais duramente pelas enchentes nas cidades de Tomazina e Sengés, no Norte Pioneiro.
Em pronunciamento na Tribuna da Assembléia, Marcelo Rangel relatou ter visitado, como presidente da Comissão de Transportes da Casa, durante o final da semana, os municípios afetados pelos temporais. E comentou que, se o governador Roberto Requião tivesse percorrido, de carro, aquela região, estaria indignado pelas péssimas condições da rodovia que liga Arapoti a Wenceslau Brás, segundo o deputado, “uma vergonha para todo o Estado”, referindo-se também a outras estradas.
Em seguida, Rangel defendeu sua moção de apelo pela liberação do FGTS, exemplificando que, quando das enchentes em Santa Catarina, a Assembléia daquele Estado adotou medidas solicitando ações governamentais para que as famílias fossem atendidas. E solicitou que o governo paranaense envie “bolsas auxílio” às famílias mais atingidas, que também, disse ele, foi feito em Santa Catarina.

Jocelito Canto, também da Tribuna, reagiu à manifestação de Rangel, mesmo sem citar o nome do colega ponta-grossense. “Não adianta um deputado somente vir a aparecer em tempo de tragédia, ir lá fazer demagogia. Isso é besteira, é desrespeitar a população que está passando por um momento difícil”, pronunciou.
Dirigindo-se ao deputado Stephanes Júnior, Canto comentou que este já havia anunciado que seu pai, o ministro Renhold Stephanes, da Agricultura, estará em Tomazina, levando recursos em nome do governo federal, e que o governo já estaria liberando o FGTS. “O Governo Lula é muito rápido nessas ações de apoio ao povo nas tragédias” elogiou.
Jocelito Encerrou: “Então, não adianta ficar fazendo demagogia. Momento de tragédia não é momento de brincar e fazer marketing, brincar com a desgraça alheia. Respeitar o ser humano faz parte da dignidade das pessoas”, sendo ainda mais agressivo: “Infelizmente, essa demagogia está presente em alguns políticos sacanas, que não têm vergonha na cara, e querem se aproveitar do momento difícil das famílias”.
Marcelo Rangel adotou a estratégia de não responder às críticas a ele direcionadas, o que se confirmou com a repetição das palavras por Jocelito no momento em que votou contrariamente à moção. Mas, mesmo sendo deputado de oposição, Marcelo foi defendido pelo líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli. Este disse concordar com parte do que Canto falou, mas, defendeu a liberdade da manifestação de pensamento do parlamentar, “neste caso, na boa intenção”.
Comentou o líder governista que a situação do Município de Sengés, em especial, mas também das outras cidades, impõe a tomada de atitudes, como o envio de mantimentos, cobertores, colchões e outros auxílios. Romanelli defendeu a aprovação da iniciativa de Marcelo Rangel, mas, observou que é necessária uma mobilização ainda maior em favor das famílias flageladas.
Lembrou o deputado que o secretário de Transportes, Rogério Tizzot, estará nesta quinta-feira em Jaguariaíva, reunido com os prefeitos da região, discutindo as intervenções que precisam ser feitas pelo governo estadual, para garantir o transporte escolar e da produção.
Ao final, o líder do governo voltou a defender a moção de Marcelo Rangel, encaminhando pela aprovação e opinando: “Não acho que seja demagogia, mas, uma forma de expressão muito positiva, de solidariedade”.