terça-feira, 24 de abril de 2012

Cavaleiros mantêm a cultura do tropeirismo no interior de SP

Eduardo Ribeiro Jr. Do G1 Itapetininga e Região Grupo de cavaleiros resgata a cultura da tropeada no interior de São Paulo. Um grupo de cavaleiros do interior paulista mantém viva a cultura do tropeirismo, uma atividade econômica que começou no século XVIII. O tropeirismo influenciou o desenvolvimento de várias regiões do país, incluindo o estado de São Paulo. Nas regiões de Itapetininga (SP) e Sorocaba (SP) foi criado o projeto ‘Caminho das Tropas’. O objetivo é resgatar a história. De acordo com o vice-presidente da Tropeada, Paulo Campos Leite, em 2012 será realizada a 7ª edição do evento, que acontece no mês de maio. O grupo de cavaleiros de várias cidades do interior paulista se reúne na cidade de Itararé (SP), na divisa com o Estado do Paraná, e seguem em cavalos, mulas e burros até a cidade de Sorocaba (SP). “É uma tentativa de resgatar a cultura dos tropeiros, muito importante para o interior de SP. A partir da década de 1730, os tropeiros saiam do estado de São Paulo e seguiam até o sul, onde compravam as mulas, burros e cavalos, e voltavam até Sorocaba para barganhar nas feiras que ali tinham. Não havia estrada, nem pontes. O percurso era muito difícil e eles vinham pelo meio do mato, fazendo picadas (abrindo trilha) e construindo novos caminhos", explica Paulo. O organizador da Tropeada conta que as tropas traziam cerca de 1,5 mil animais para vender em Sorocaba. Ainda de acordo com o ‘tropeiro’ Paulo Leite, compradores de várias partes do país iam até Sorocaba para adquirir os animais. A maior demanda era para o Estado de Minas Gerais, quando começou o garimpo do ouro, e não tinha como escoar a produção. Mas as tropas também foram responsáveis por transportar muitas riquezas do país, como café, arroz, feijão, algodão, entre outros produtos, durante suas viagens, o que favoreceu o desenvolvimento de muitas cidades e regiões. "Foram as mulas que transportaram as riquezas do país. Na época não existiam caminhões, muito menos estradas. As mulas eram como caminhões, e Sorocaba, como se fosse a concessionária", brinca Paulo. Ele, que se diz um apaixonado pela cultura tropeira, comenta que muitas cidades foram criadas por causa dos tropeiros. Algumas cidades se formaram pela necessidade dos tropeiros precisarem parar e descansar. Nesses locais, foram se formando alguns vilarejos e, logo depois, viraram cidades. “As cidades que ficam na rota da tropa têm distância entre 30 e 50 km. Trecho que os tropeiros geralmente percorriam por dia", relata. O historiador diz que até a década de 1950 ainda existiam tropeadas. Paulo afirma que a cultura tropeira ainda é cultivada, mas apenas por famílias que têm raízes nesta parte da história. Para ele, o progresso está abafando a história do país. “Não tem muito incentivo por parte do poder público, o que reflete na população, que acaba não se interessando. Hoje em dia, não dá para andar a cavalo nas ruas. As pessoas xingam, buzinam... Em uma cidade com mais de 80 mil moradores, as pessoas não aceitam os cavaleiros. Foram os tropeiros que abriram as estradas e hoje não podemos passar de cavalo por elas", lamenta. Na região de Itapetininga, o grupo percorre aproximadamente 400 quilomentros entre Itararé (SP) e Sorocaba (SP).(Foto: E.J Manzi/ Incaper)
7ª Tropeada Os cavaleiros sairão de Itararé, no dia 18 de maio, e passarão por várias cidades, entre elas, Itaberá, Itapeva, Taquarivaí, Buri, Itapetininga, Alambari, Capela do Alto, Tatuí, Boituva, Iperó, Araçoiaba da Serra e finalizando em Sorocaba, com chegada prevista para o dia 26 de maio, com desfile da tropa no dia seguinte. São cerca de 400 km percorridos. A saída deve acontecer com 150 cavaleiros de cidades da região de Itararé e, durante o percurso, outros grupos irão se juntando a eles, vindos de outras cidades do interior paulista, como Botucatu, Porangaba, Guareí e Cesário Lange, e a chegada, deve estar em torno de 400 cavaleiros. São aguardadas mais de 3,5 mil pessoas no desfile que acontece no último dia, em Sorocaba, celebrando a semana do Tropeiro.

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