segunda-feira, 30 de maio de 2016

Analfabetos políticos

Sebastião Pereira da Costa Dia destes, estive em uma reunião política e fiquei pasmo ao constatar que quase a totalidade dos presentes não lê os jornais de Itapeva (possivelmente nem os da grande imprensa), ou só lê raramente. Eram cerca de 20 pessoas da classe média, que, supõe-se, é a mais esclarecida porque lê mais. Fiquei bastante frustrado, pois não esperava encontrar tantos virtuais candidatos a cargos eletivos sem interesse pela imprensa local, que corresponde à falta de interesse pelo que acontece em sua própria cidade, considerando que o jornal é o veículo que mais bem informa não só o ocorre na política, na Câmara, na gestão municipal e secretarias, como o que acontece pelos bairros da cidade. Enfim, é no velho e bom semanário local que o cidadão (e o virtual candidato a cargo eletivo) vai saber como está sua querida província. Ainda há os que dizem que o povão das vilas, mal informado, que não lê jornal, que é o responsável pelo baixo nível da nossa política. Puro preconceito. Interessante que as pessoas que mais criticam os semanários locais são as mesmas que não leem assiduamente nenhum deles, contribuindo, assim, para manter nossa imprensa deficitária. Evidente, que mais leitores significam maior garantia de sobrevivência para o jornal, consequentemente, influindo em sua qualidade e expansão. Para traçar um parâmetro comparativo da inapetência dos leitores itapevenses, lembramos que Itararé, com a metade da população e da renda de Itapeva, até pouco tempo atrás tinha seis jornais, hoje tem quatro, ainda tem o dobro de Itapeva. Para quem cobra melhor qualidade de nossos semanários, vale lembrar que um jornal não sobrevive por muito tempo se não tiver uma renda paralela, geralmente, tem uma gráfica (o semanário A Minúscula, do jornalista Hélio Porto, é uma grata exceção a essa regra, pois sobrevive há 25 anos sem ter gráfica e com excelente conteúdo). É bom frisar: quanto mais leitores mais qualidade nos jornais, por isso, leia-os. Uma lástima constatar que a maioria de nossos políticos, principalmente aqueles que pretendem se lançar à liça política, não cultivem o hábito da leitura de jornais, nem de livros. Atualmente, acredita-se que as redes sociais preenchem a lacuna informativa que só um jornal pode preencher, confundem comentários chistosos, xingamentos e ataques pessoais com informação e sentem satisfeitos. Lamentável. O pior analfabeto é o analfabeto político – pontificou Bertolt Brecht.

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