quarta-feira, 23 de agosto de 2017

ITARARÉ COMEMORA SEUS 124 ANOS E PRECISA REALINHAR SUA HISTÓRIA

Hélio Porto Aquela versão simplista e carola de que a cidade surgiu num repente com a instalação de uma capela no coração da antiga Fazenda São Pedro é muita vazia e sugere contestações. Que se valorize as influências religiosas deste povo que sempre foi muito envolvente com o catolicismo e até hoje permanece fiéis aos princípios da Igreja Romana, mas, contentar-se com esta versão é destruir um história cheia de valores e explicitamente forte para que resgatemos o real princípio de nossa evolução. No século XVII nossas trilhas eram pisoteadas com freqüência por afoitos tropeiros que iam e viam de Viamão no Rio Grande do Sul à Sorocaba, para a feira de Muares, conduzindo longas filas de mulas e gado e na volta trazendo os primeiros produtos da indústria paulista que já dava seus sinais fortes de expansão. Os tijolos de “banha de porco” já faziam sucesso entre os gaúchos e representavam o ímpeto industrial dos paulistas. Estas andanças se davam em média, 6 vezes por ano e neste longo percurso, Itararé era a parada mais longa e obrigatória das tropas, pois os obstáculos para transpor o Rio Itararé, no seu leito acidentado entre abismos cravados entre pedras, obrigava o gado indócil a andar por cima de toras rústicas por sobre as cavidades do hoje Parque da Barreira e nesta aventura muitos animais se acidentavam ou precipitavam para a morte, causando grandes perdas. Após a difícil ultrapassagem, as tropas permaneciam no hoje, Bairro Velho, charqueando a carne dos animais sacrificados durante a frustrada passagem, numa tentativa de reduzir os prejuízos. Em função deste castigo das cavernas do Rio Itararé, uma pequena ferinha de animais se montou por aqui, pois alguns tropeiros de maior visão, aqui fixaram residência e passaram a criar mulas e gados, que tinha comércio fácil, pois as tropas para recompor o lote de encomendas, faziam tais aquisições em Itararé. A maior testemunha destes fatos foi Debret que marcou a sua passagem pintando a aquarela "Ponte sobre o Rio Itararé" em 1827, retratando a dificuldade de passagem dos animais por sobre a ponte. A cidade na verdade tem como data de sua emancipação, o dia 28 de agosto de 1893, ou seja 56 anos depois da ilustração de Debret. Urge uma posição dos vereadores da cidade, no sentido de viabilizarem um Decreto que restaure nossa verdadeira e real origem. A hora é agora.

Um comentário:

  1. É preciso constantemente reescrever a História limpando-a de estórias da carochinha e de crendices. Boa sugestão do jornalista.

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