sexta-feira, 21 de agosto de 2020

A LENDA DO FRANGO FANTASMA

A OPINIÃO DE HELIO PORTO
Naquele torrão distante, surge um rei ousado e festeiro. A todos tilintava seu dinheiro mas a ninguém os dava. Fanfarrão e vaidoso gosta de ter os holofotes voltados para sua face e não perde nenhuma oportunidade de ter intenso destaque, distribuindo suas fotos pelo império inteiro. Já no começo do seu governo, percebendo que seria um rei em fracasso, tratou de criticar os reis duradouros e se prontificou a ser rei por apenas quatro anos, alegando que depois do quarto ano, todos trocam o manto real pelo pijama e ele também fará isso. Seus súditos vivem sem o mínimo de dignidade, muitos morrem sem atendimento no setor de saúde, pois não há remédios, nem médicos e o reino se limita a um monte de carros velhos que aos trancos e barrancos, dia e noite levam doentes para os reinos vizinhos, disfarçando sua incapacidade real. As estradas reais estão abandonadas, cheias de buracos e com pontes caindo, deixando os camponeses a perder suas produções, sem condição de escoamento. Ganancioso como ninguém, loteou as laterais das ruas da cidade e chamou uma firma mineira, sua parceira, para cobrar uma taxa horária aos que se atrevem usar o espaço e investiu alta tecnologia para aumentar a arrecadação de uma zona que só é azul para os interesses do Rei. No reino, avião é só ele, tanto que destruiu e desativou o Campo da Aviação existente. Egoísta, esparramou piche pela principal rua da cidade para deixar mais bonita e moderna a fachada de suas lojas, usando o dinheiro do povo. A única grande esperança que deu aos seus súditos foi a construção de um enorme frigorífico com abate de milhares de frangos e que empregaria toda a cidade e transformaria o Reino no maior galinheiro do mundo. Aos parceiros desta grande indústria fictícia doou três grandes terrenos reais e fez intensa publicidade de seu feito que ecoou pelos reinos vizinhos. A promessa ficou em vão e os frangos nunca apareceram e o emprego também nunca surgiu. Durante seu reinado, aconteceu a praga do vírus chinês, e ele proibiu de maneira severa que saíssem ou entrassem nas terras, fechando as lojas e tornando deserta a cidade, causando o fim dos poucos empregos que ainda restavam. No último ano do reinado, saiu a inaugurar suas “grandes” obras, mas não tinha público para aplaudi-lo. Só lhe restou alguns poucos conselheiros que sem outro caminho, permaneceram no governo, acuados pela incompetência. Durante essas inaugurações a única novidade foi a presença da Rainha, que saiu do conforto do seu palácio e foi amassar o barro das vilas com seu sapatinho de cristal, daquele modelo que não se vende em suas lojas. Dizem que o Rei louco vive agarrado a sua coroa sem querer largá-la como prometeu, pois confessa que não sabe mais viver sem ser Rei. Nos seus sonhos e devaneios vê frangos que voam para lá e para cá, mas é o Rei que se sente depenado sem amigos e sem futuro, porque sabe que em Janeiro de 2021 terá que dar lugar a um Rei de verdade que está para chegar, e a este rei está reservado um reinado muito promissor. Essa é uma lenda fictícia e qualquer semelhança com fatos reais é um puro azar do povo desse reino.

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