terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O FETICHE DO INÍCIO DE CADA ANO

A OPINIÃO DE HÉLIO PORTO
No 1º dia do novo ano, abri a janela e a chuva derramava lagrimas que não entendi se eram de felicidades ou tristeza. No novo calendário tirei as pagelas de introdução e estampou-se diante dos meus olhos o número hum do ano 2021. Vislumbrou-se na minha mente as repetidas superstições próprias dessa época. Corri o olhos na minha roupa para conferir se estava na cor ideal, finquei o pé direito no chão para adentrar com sorte. Abri a carteira e lá estava minha folha de louro, já havia comido sete carocinhos de romã. Longe do mar, havia ido na prainha da Alemôa e dado sete pulinhos nas ondas. O almoço já tinha cardápio definido. Nada de carne de galinha que cisca para trás. O prato principal era pernil de porco que caminha para frente. No computador um pen drive já emitia repetidas vezes a musiquinha: -ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO, QUE TUDO SE REALIZE NO ANO QUE VAI NASCER, MUITO DINHEIRO NO BOLSO, SAÚDE PARA DAR E VENDER. Cumprido estes rituais pagãos, voltei meus olhos para o alto e pedi tudo à Deus para este novo período. Mas Deus telepaticamente me censurou: - Veja tua irmã, esposa, noras, sobrinhos e netos ao teu redor, tua mesa farta, tua cama macia, todos com saúde e ainda ousa a me pedir mais? Que mais tem feito se não demonstrares teu egoísmo, querendo além do que mereces. Inclinei minha cabeça arrependido e murmurei. - Obrigado meu Deus, seja feita sua vontade e não a minha!

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