sábado, 29 de maio de 2010

FESTA TROPEIRA EM SOROCABA EXPLODE NESTE FINAL DE SEMANA


Há mais de 50 anos, eles “batem o pé” nas festas e eventos voltados à preservação da cultura tropeira. Sempre que convidados, chegam em comitiva para dançar o “fandango de chilenas”, como era chamada a dança praticada pelos tropeiros nos intervalos das viagens. Atração da edição deste ano da Semana do Tropeiro, o grupo “Fandango de Chilenas dos Irmãos Lara”, de Capela do Alto, apresenta-se neste sábado (29), às 18h, no Parque Natural “Chico Mendes” (na avenida Três de Março).


Como o próprio nome indica, a formação reúne pessoas da mesma família que seguem a tradição dos antepassados. Dos cerca de 20 integrantes, apenas um não tem o sobrenome Lara. “Em compensação é do mesmo sangue”, diz Vicente Lara, filho de Francisco Lara, atualmente com 79 anos. O grupo teve sua origem nas pousadas dos tropeiros que passavam por Capela do Alto levando tropas e mercadorias trazidas do sul do País, para serem comercializadas nas feiras de Sorocaba.


Desde que se entendem por gente, os Lara convivem com o fandango. “É coisa passada de avô para pai, de pai para filho”, contou ao Mais Cruzeiro. Os capelenses fizeram o caminho inverso: aprenderam primeiro com a prática para, depois, receberem noções teóricas. "Tudo o que a gente sabe é resultado do que vimos o pai fazer. O som da viola, os passos, os movimentos, a linguagem, tudo nos foi passado no convívio familiar.”


O fandango de chilena, ele conta, é o nome da dança que incorpora elementos de sapateado; já chilena é a espora da bota. Ao contrário de outras expressões como a catira, no fandango os participantes não cantam e nem fazem par uns com os outros: “Na catira se dança de frente; no fandango a gente fica numa roda”. Cada apresentação dura em média 35 minutos e dela só participam homens. As mulheres até já chegaram a ser proibidas de dançar, porque consideravam o fandango uma expressão profana. Hoje, no entanto, esse tabu caiu.


Vicente diz que o traje utilizado nas apresentação não tem nada de estilizado. “Os tropeiros usavam roupas mais rústicas, mas nós optamos por vestir algo mais condizente com o a proposta do espetáculo. Não é nada americanizado, como dizem alguns.” O grupo já está em sua quarta geração e gravou, em 2007, um DVD resultado de projeto aprovado pela Secretaria de Cultura do Estado. Os Irmãos Lara já se apresentaram no Sesc e outros espaços. “Sorocaba é o nossa berço”, diz Vicente e completa: “Aí, a gente se sente à vontade, respira o mesmo ar, mantém viva a tradição tropeira”.


Programação


A programação da 43ª Semana do Tropeiro de Sorocaba termina domingo (30) com o desfile que sai, às 9h, do Parque Natural Chico Mendes, percorre ruas da cidade, e volta ao ponto de origem. A agenda de hoje será aberta às 11h, na Biblioteca Infantil, com show do Grupo de Dança Biriva “Luiz Antonio Alves” - Centro de Tradição Gaúcha “Ginetes da Tradição de Caxias do Sul”.


Paralelamente, ocorrem intervenções artísticas no Parque Natural Chico Mendes. Às 10h30, no espaço, acontece a apresentação da Orquestra de Viola Tropeira de Sorocaba, sob a regência de Ricardo Anastácio. Às 13h30, CTG Fronteira Aberta apresenta danças tradicionais gaúchas, malambo e chula. Às 17h, acontece o show do gaiteiro Paulo Mota. Às 19h, o Grupo de Dança Biriva repete a performance no Parque. Às 20h, o recado fica por conta da dupla Rodrigo Freitas & Xavier.


No domingo, além do desfile estão programados shows como os de Juliano Reis e Banda, às 13h30, de Gil Wagner (14h30), moda de viola, além a exposição montada no Casarão de Brigadeiro Tobias, que pode ser visitada das 9h às 16h.

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