quarta-feira, 28 de abril de 2021

SUL PAULISTA EM LUTA PELA VALORIZAÇÃO DO TROPEIRO

A OPINIÃO DE HÉLIO PORTO
Quando não existiam os trens, nem os caminhões e nem mesmo as estradas, o transporte era essencialmente feito nos lombos das mulas em organizadas tropeiradas sangrando trilhas estreitas e cheias de obstáculos. A figura forte do tropeiro que encarava sol e chuva em meses de viagens de um destino a outro foi plantando a estrutura de nossa civilização brasileira nos moldes atuais. Do Rio Grande do Sul por Santa Catarina, Paraná e São Paulo vinham os tropeiros de Viamão a Sorocaba, plantando progresso e germinando cidades. Cristóvão Pereira de Abreu foi um militar cuja morte é dado como em 22 de novembro de 1755, na Vila do Rio Grande de São Pedro, hoje cidade do Rio Grande. Encontra-se sepultado na capela de Nossa Senhora da Lapa. O coronel Cristóvão Pereira de Abreu foi o protótipo do explorador, sertanista e combatente, ao lutar contra os franceses no Rio de Janeiro e, depois, contra as tropas espanholas nos pampas gaúchos. Foi consagrado como o primeiro homem a cruzar, por via planaltina, o território entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, levando uma tropa de 3000 cabeças de cavalgaduras e gado, inaugurando o ciclo comercial da região sulina. É considerado o 1° Tropeiro pelo fato de ter registros de suas tropeadas desde 1680, Mais de 200 cidades nasceram direto pela influência tropeira, o que justifica uma valorização maior a esse movimento.
No entanto o Brasil quanto nação, não demonstra o respeito devido. Não existe um dia especial e nacional para o tropeiro. No Rio Grande do Sul o estado comemora no dia 25 de abril, no Paraná no dia 26 de abril e em Sorocaba festeja-se a semana tropeira no final de maio. Não se pode continuar olvidando este movimento tão expressivo e importante para nossa história nacional. Itararé é um exemplo típico da distorção da história, revelado como um povoado surgido em torno de uma capelinha na Fazenda São Pedro as margens do Rio Itararé nos anos de 1880, quando na verdade o povoado já era citado nas trilha tropeiras desde o século XVI. Portanto surgida pelo tropeirismo. No livro “A Flor do Peabiru” da autoria de Hélio Porto na página 29, destaca esse relato, explicando a necessidade dos pousos das tropas, observem:- ITARARÉ - 0 PESADELO DOS VELHOS TROPEIR0S Nestes pousos foram sendo criados, postos de serviços com profissionais habilitados. Os “rancheiros”, os proprietários de “rancho” ou alojamento onde pernoitavam as tropas cobravam dos tropeiros apenas o milho e o pasto consumidos pelos animais porque as tropas conduziam suas cozinhas próprias. Surgem paralelas a tudo isto, as profissões de ferrador que fixava as ferraduras nos animais das tropas, o veterinário prático, o domador de animais chucros e assim iam se reunindo gerando povoados que se fizeram cidades. No caminho de Viamão a Sorocaba, Itararé tornou-se senão na maior, pelo menos na mais longa parada. Os velhos tropeiros vinham de Viamão, preocupados com a difícil travessia do Rio Itararé por entre suas grutas e rochedos que causavam grandes perdas animais, sendo sacrificados e trans-formados em carne de sol, para evitar a perda total. Este período de recuperação, formou em Itararé um entre centro que até permitia aos tropeiros adquirirem animais criados pelos povoados próximos para completarem as encomendas que tinham que serem levadas até a Feira de Sorocaba. - - - - - - - - - - - A presente gravura de Jean Baptiste Debret bem retrata a luta dos tropeiros para adentrar o Estado de São Paulo nas grutas do Rio Itararé improvisando pranchas sobre os abismos, a menos de um quilômetro da vila de Itararé e aqui permaneciam por média de uma semana se recuperando para continuar a viagem sendo a maior parada no roteiro. Por tudo isso urge que as cidades desse eixo lutem pela criação do Dia Nacional do Tropeiro.

Um comentário:

  1. O Paraná se irmana neste empreitada, através da UNILT - Universidade Livre do Tropeirismo. Marcio Anis Mattar Assad - DECANO.

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