sábado, 16 de abril de 2011

Vítima de soterramento em pedreira pode ter previsto acidente


De A Tribuna On-line
* Colaborou Alessio Venturelli
Pelo quarto dia consecutivo, as equipes de resgate trabalham na tentativa de localizar os dois trabalhadores que foram soterrados na pedreira Santa Tereza, localizada próximo na Área continental de Santos.
Nesta tarde, novos blocos de pedra estão sendo implodidos para abrir caminho em local onde um equipamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) detectou a presença de metais sob as rochas.
Os metais podem ser das máquinas nas quais estavam os operários Jucelino Mendonça de Souza, de 45 anos, e Walter Santana Holtz, de 49, soterrados desde as 6 horas de terça-feira sob cerca de 50 mil toneladas de pedras e terra que deslizaram. Outras duas pessoas, que estavam na área, não se feriram.
Na operação atuam cerca de 30 pessoas, entre técnicos da empresa Max Brita Comercial, que explora a pedreira, bombeiros, técnicos da Defesa Civil, do IPT e do Instituto Geológico. Parte da equipe usa escavadeiras hidráulicas especiais para chegar ao local.
Otimismo e agonia
”Tenho esperança, mas sei que cada dia que passa as chances de encontrar ele vivo são menores. É com este misto de otimismo e agonia que Edna Natan, esposa do operador de máquina Jucelino Mendonça de Souza aguarda
por notícias do marido.
Apesar de a empresa responsável ter permitido que Edna acompanhasse de perto os trabalhos de busca, ela tem preferido ficar em casa, ao lado do filho de 9 anos, que já soube do ocorrido e está bastante abalado. "A gente tenta evitar os detalhes, mas não dá pra esconder a verdade", disse ela, contando que tem buscado manter a calma nesse momento, justamente para poupá-lo.
Ainda de acordo com Edna, o marido desaparecido há quatro dias, sempre a preparou para o pior. “Costumava dizer que se alguma coisa acontecesse com ele, que eu tinha que ser forte, pois tinha nosso filho pra cuidar - e eu estou tentando fazer isso, mas tá difícil".
Edna disse ainda que o marido previu o acidente. “Ele estava estranho nas últimas semanas. Parecia amuado, falava pouco. Chegou até a falar em morte”, recordou ela, acrescentando que esse comportamento ficou ainda mais evidente na segunda-feira, quando se viram pela última vez.
“Fui acordá-lo, por volta das 20 horas, para o jantar, e ele pediu para chamá-lo mais tarde. Achei estranho, pois ele nunca fazia isso. Minha mãe, que estava em casa na ocasião, até perguntou se ele estava doente, mas ele disse que não. Na despedida, ainda achei ele triste, com um olhar diferente. Parecia até que ele sabia o que iria acontecer”, relembra a esposa, que torce para que os trabalhos de busca sejam logo concluídos.
Ministério do Trabalho investigará acidente
Nos próximos dias, um auditor do Ministério do Trabalho deve ir ao local para ouvir representantes da pedreira Max Brita e operários. Ele irá verificar ainda procedimentos de trabalho que envolvam a segurança e a saúde dos operários.
Segundo a gerente regional, Rosângela Mendes Ribeiro Silva, a conclusão do relatório deve ficar pronta em até cinco meses. Depois o documento é encaminhado para a Procuradoria da Fazenda Federal, que dependendo do parecer pode entrar com ação contra a empresa. A Promotoria Pública de Santos também está acompanhando o caso.

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