segunda-feira, 11 de julho de 2011

Revolução de 32: 79 anos da batalha entre paulistas e tropa federal




A Revolução de 32 representa um momento muito importante na história do Estado de São Paulo. Tropas paulistas se enfrentaram com as federais em busca de uma nova constituição, por isso o nome de ‘Revolução Constitucionalista’.No dia 9 de julho de 1932 explodiu em São Paulo uma revolta contra o então presidente Getúlio Vargas. Tropas federais foram enviadas para conter a rebelião no interior e as forças paulistas lutaram contra o exército.Foram quase três meses de batalhas que só terminaram no dia 2 de outubro com a derrota militar dos constitucionalistas. Porém, em termos políticos, o movimento paulista foi vencedor, porque logo depois o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil, em 1934.O historiador de Itapetininga José Luiz Holtz explica a Revolução de 32: A região de Itapetininga foi palco das batalhas nas cidades de Campina do Monte Alegre, Buri e Capão Bonito. Veja como foi...Marcelo Tupinambá e o hino constitucionalista. Tietê é a cidade natal de Marcelo Tubinambá, autor da melodia do hino constitucionalista. Fernando Lobo usava o codinome escondido da família que não queria que ele fosse escritor. Marcello Tupinambá Leandro, neto de Fernando Lobo, fez uma extensa pesquisa sobre seu bisavô e conversou com o TEMMAIS.COM. TEMMAIS: Em relação ao Hino da Revolução Constitucionalista, o que você sabe sobre ele? E sobre o anel “Doe ouro para o bem de São Paulo” que pertenceu ao seu bisavô? Tupinambá: Marcello Tupynambá é natural de Tietê, nasceu em 29 de maio de 1889. Por volta dos 7 anos de idade, talvez por ocasião da morte de seu pai, sua mãe mudou-se com os filhos (Tupynambá tinha duas irmãs chamadas Maria Luiza e Thereza) para São Paulo. Tempos depois, o compositor se estabeleceu em Pouso Alegre com o objetivo de dar sequência aos estudos. Foi matriculado no dia 23 do Fevereiro de 1904, no ginásio Diocesano São José, em Pouso Alegre, MG, onde esteve até 1908. Foi no Ginásio São José de Pouso Alegre que fez amizade com os poetas Guilherme de Almeida e Menotti Del Picchia, articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922 e ativos participantes da Revolução Constitucionalista de 1932. Na época da Guerra Paulista, Tupynambá resolveu compôr dois hinos para incentivar os paulistas na luta. A questão política em São Paulo absorveu e fez parte da vida de um bom tanto de paulistanos durante toda a primeira metade da década de 1930, nos episódios da Revolução de 1930, depois com a Revolução Constitucionalista em 1932 e uma importante eleição constituinte em 1934. A radiodifusão, que começava a participar do cotidiano da cidade, não ficou distante desse quadro e construiu uma relação íntima entre rebelião e rebelados, aprofundado a tal ponto que as emissoras foram utilizadas como autênticas armas de guerra. Foi após a Revolução de 1932 que o número de emissoras paulistas cresceu de maneira espantosa. Na realidade, a utilização do rádio em favor da causa constitucionalista aproximou ainda mais a população paulistana das emissoras e principalmente colaborou para criar o hábito de escutar rádio. Em 1933, Menotti Del Picchia escreveu duas crônicas que revelam as íntimas relações entre o rádio e a Revolução de 1932. Em uma das histórias, chamada Vae, o escritor relata a preocupação de uma dona de casa com o desenrolar dos confrontos armados em 1932 a partir das informações transmitidas pela rádio, pois seu marido está à frente do campo de batalha.Como se sabe, a centralização da arrecadação da campanha “Doe ouro para o bem de São Paulo!” era feita por uma rádio. A participação dos paulistanos foi intensa e generalizada, pois acompanhavam o desenrolar das batalhas pelo então moderno veículo de comunicação: o rádio.Marcello Tupynambá teve ampla participação nesse episódio político do país, em primeiro lugar por pertencer ao quadro das rádios paulistanas, em segundo lugar por ter composto as Marchas Redenção, referente à Revolução de 1930, o Hino do Partido Constitucionalista, que lhe rendeu três dias de prisão, e ainda O Passo do Soldado, Marcha criada em parceria com Guilherme de Almeida e cantada nas trincheiras de 1932. Tenho comigo o anel do compositor com a inscrição: doei ouro para o bem de São Paulo! Escute o hino Constitucionalista: TEMMAIS: Quando você começou a pesquisar sobre seu bisavô? Marcello Tupinambá Leandro: Comecei a pesquisar sua música em 2001, quando mantinha um grupo de choro na cidade de São Paulo e minha tia-avó, Ignês Lobo, filha do compositor, me apresentou todas as partituras do maestro, inclusive as manuscritas. A partir daí resolvi incluir algumas canções no repertório do grupo ‘Caindo no Choro’ e iniciar um projeto de mestrado na área de musicologia na ECA/USP para recuperar e investigar esse acervo.TEMMAIS: Teu nome é em homenagem a ele? Tupinambá: Sim. O nome de batismo de Marcello Tupynambá é Fernando Lobo. Quando o músico começou a fazer sucesso com música popular, decidiu adotar Marcello Tupynambá: Marcello do personagem da ópera La Boheme, do italiano Puccini, e Tupynambá em homenagem aos índios brasileiros. Quando eu nasci, em 1974, meu pai e jornalista, Paulo Roberto Lobo Leandro, neto do músico e filho de Cecília Lobo, filha primogênita do maestro, decidiu homenagear o avô. Era para ficar somente Marcelo Leandro, mas por intervenção de minha avó materna ficou decidido acrescentar também o Tupinambá. Tenho dois filhos e resolvi adotar também o Tupinambá: Gabriel Tupinambá e Tarsila Tupinambá. É uma forma de manter viva a memória e importância do músico em nossa família. TEMMAIS: Você tem costume de ir até Tietê, cidade natal de seu bisavô? Tupinambá: Fui em duas ocasiões. A primeira para levar com minha tia-avó Thereza, filha de Tupynambá, o violino que pertenceu ao compositor (hoje o instrumento está na Casa da Cultura). Na segunda para tocar músicas de sua autoria com o grupo ‘Caindo no Choro’, por ocasião da Semana Marcello Tupynambá, realizada todo mês de maio pela secretaria de Cultura da cidade.

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