quarta-feira, 26 de maio de 2021

Geraldo Bonadio comemta livro do autor Hélio Porto

O São Paulo que São Paulo esqueceu Recebi através do nosso comum amigo Orailson Pereira Tortelli, um conjunto de obras do pesquisador, memorialista e escritor Hélio Porto, enfocando diferentes aspectos da História de Itararé, cidade em que vive desde criança. Um desses livros – O novo Estado de São Paulo do Sul – celebra os trinta anos, completados em 2020, do movimento que se bate pela divisão territorial do Estado de São Paulo, com a criação, em seu extremo sudoeste, do Estado de São Paulo do Sul, englobando 54 dos atuais municípios paulistas, inclusive cidades do porte de Itararé, Itapeva e Itapetininga. O Estado resultante, segundo os cálculos do autor, teria 37,5 quilômetros quadrados e uma população estimada em pouco mais de 1,1 milhão de habitantes, um fantástico patrimônio ambiental, mas dependeria de recursos da União para viabilizar-se. Isso, entretanto, não seria um obstáculo intransponível, pois ganharia uma moeda de barganha: o poder político. Vejamos o ocorrido com a região Centro Oeste que, por muito tempo, pouco pesou na balança política. Aí vieram a divisão de Mato Grosso; a criação do Estado de Tocantins, desmembrado de Goiás, e a instituição da representação política de Brasília. A soma desses fatores multiplicou o poder do Centro Oeste no Congresso Nacional. Nos termos da Constituição de 1988, São Paulo do Sul teria uma Assembleia Legislativa Estadual e, no plano federal, a uma bancada de três senadores e oito parlamentares à Câmara dos Deputados, mais um governador, o que lhe permitiria negociar o repasse de recursos da União e gerar a infraestrutura capaz de elevar aqueles municípios a um patamar de desenvolvimento de que hoje não desfrutam. É uma questão que, por todas as razões, deve ser mais profundamente analisada pelo governo de São Paulo e, de modo muito especial, pelas lideranças da Região Metropolitana de Sorocaba que, à falta do que seria o seu coração econômico – a agência de fomento até agora não implantada – existe no papel, mas não na realidade.
GERALDO BONADIO É ESCRITOR, HISTORIADOR E PRESIDENTE DA ACADEMIA DE LETRAS DE SOROCABA-SP

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